quarta-feira, 30 de julho de 2008

Papéis para Origami


Um dos entusiasmos para quem gosta de mexer com papéis é descobrir novas cores, novas texturas, aquele material mais apropriado para o seu trabalho.

No caso do origami, é muito bom saber que há lugares como a loja Gana Presentes que, além de ter bastante material próprio para essa arte (papéis fosforescentes, dupla face, de vários tamanhos e com padronagens diferentes), tem um atendimento muito, muito bacana. É um lugar que vale a pena visitar. Fiz a festa, como vocês podem ver na imagem acima.

Gostei muito de achar os vidros para encher com estrelinhas ou tsurus. Em breve, novos trabalhos aparecerão por aqui com esse material!


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sexta-feira, 25 de julho de 2008

Kusudama Shooting Star (Origami)



O kusudama acima é o Shooting Star (Meteoro) do Makoto Yamaguchi. O diagrama está no belo livro Kusudama - Ball Origami, que tem vários modelos interessantes (o livro tem algumas páginas disponíveis que podem ser folheadas no site da Amazon).

Os kusudamas eram usados, no Japão, como uma espécie de sachê. Dentro deles eram colocadas ervas aromáticas para perfumar os ambientes. Mais tarde, preenchidos com ervas medicinais, eram pendurados próximos a pessoas doentes para afugentar as doenças (kusu = remédio, dama = bola).

É um tipo de origami modular, ou seja, é preciso dobrar vários módulos que, encaixados, formarão o kusudama.

Para o Shooting Star, é preciso dobrar 24 peças iguais.


Estas peças são encaixadas formando um módulo central que depois é fechado com um conjunto de 4 peças encaixadas em cima e 4 peças em baixo.


Para alguns modelos, como este, a escolha do papel é parte importante no processo. Yamaguchi recomenda utilizar cola para fixar o modelo, o que acredito ser necessário principalmente se estiver trabalhando com papel mais fino.
Procuro evitar o uso da cola, pois sempre me atrapalho com ela. Neste caso, utilizei um papel de gramatura mais encorpada (um papel mais grosso que geralmente é utilizado para scrapbooking), e consegui encaixar as peças e fechar o módulo sem usar cola. Utilizei a cola apenas em alguns pontos depois do módulo montado (uma dica: uma cola boa é a especial para scrapbook, acid free / ph neutro).

Cortei um papel de 30cm X 30 cm, dividindo-o em partes de 5cm X 5 cm (tamanho do papel para cada peça). Neste caso, ajudou bastante a ferramenta abaixo que também costuma ser utilizada pelos praticantes do scrapbooking (a base plástica contendo dimensões e o estilete são precisos - é uma ferramenta cara, mas o investimento é bastante compensador).





Mais uma vez,
um origami, um kusudama,
um momento de reflexão e paz.



quinta-feira, 17 de julho de 2008

quinta-feira, 10 de julho de 2008

No tribunal de meu pai - Isaac Bashevis Singer (1)

Para comentar esse livro que estou lendo de Isaac B. Singer, vou contar primeiro de onde veio a vontade de conhecer a obra desse escritor, dentre o mundão de literatura boa que ainda há para ler nesta vida.

Em um dos fóruns da internet sobre leitura, alguém comentou sobre o excelente discurso do escritor na ocasião do recebimento do prêmio Nobel de Literatura. Com assuntos de literatura, dada a dica, não é preciso muito para o bicho-curiosidade dar a sua mordida. Alguns toques nas teclas e lá estávamos nós navegando pela rede, vendo as imagens e ouvindo os sons do discurso de 1978. Um discurso realmente memorável – quanta lucidez e bom humor (tentei traduzir o texto em francês que aparece no vídeo, e depois completar ouvindo novamente o trecho em inglês - segue depois das imagens do Youtube):




E. - “Li recentemente que Sholem Ash criticou a sua obra dizendo que não era humanista, que não era moral e não contribuía para melhorar a humanidade. Como o senhor reagiu? Qual o seu papel como escritor?”
Isaac B. Singer: - “Talvez ele tenha razão, quem sabe?”

Estocolmo 1978

“Vossa Majestade, Senhoras e Senhores, as pessoas me perguntam com freqüência por que escrevo em uma língua que está morrendo. Eu gostaria de explicar em poucas palavras.

Primeiro, gosto de escrever histórias de fantasmas, e nada cai melhor para um fantasma do que uma língua que está morrendo.

Segundo, eu acredito na Ressurreição, estou certo de que o Messias vai chegar em breve... Milhões de cadáveres que falavam iídiche sairão então de suas tumbas e a primeira pergunta deles será: “Há algum livro novo para ler em iídiche?”

Eu não esperava receber o Prêmio Nobel, e quando cheguei em minha casa para o café da manhã, vi muita gente esperando com suas câmeras por ali, repórteres...
Todos eles me fizeram a mesma pergunta:
“O senhor está surpreso? Está feliz?”

Como eu não queria discutir sobre o que é a felicidade...
respondi que sim, que estava surpreso, que estava feliz... e isso durou dez ou quinze minutos, depois acalmou.

Alguns minutos mais tarde, outro repórter veio me dizer:
“O senhor está surpreso? Está feliz?”
E respondi:
“Quanto tempo um homem pode ficar surpreso? Quanto tempo um homem pode ficar feliz? Eu fiquei surpreso, fiquei feliz...
E sou o mesmo tipo pobre* que sempre fui.”

(* no áudio em inglês, o escritor usou uma palavra que não me pareceu nem inglês nem francês – nesse caso, a legenda em francês serviu de guia para a tradução, mas não fiquei muito contente com essa solução.)
E sobre o livro No tribunal de meu pai? Escolhi começar por este (ainda estou ali nas primeiras páginas) pois trata-se de um livro de memórias e, como gostei do escritor, quis saber um pouquinho mais sobre ele por ele mesmo, antes de adentrar nos seus romances como Satã em Gorai e Breve Sexta-feira que também já estão na fila de leituras.

A maneira como ele conta as histórias que se passam no tribunal rabínico que seu pai presidia é muito boa – lembra aqueles papos gostosos de contadores de causo, que a gente não se cansa de ouvir.

(continua aqui)

terça-feira, 8 de julho de 2008

De repente, nas profundezas do bosque - Amós Oz


Os animais, um dia, decidiram partir do vale, ficar longe dos homens...

E como conseguem esses homens viver agora ouvindo apenas os sons de suas próprias vozes, de seus próprios passos? Onde o canto dos pássaros, o zumbido dos insetos, o companheirismo dos cachorros e gatos? E por que os adultos não querem falar disso com as crianças, que já não conseguem saber se os animais existem ou se são apenas lendas?

Essas perguntas agitam esse excelente livro de Amós Oz. O clima todo da história é permeado de suspense e causa um estranho desconforto que nos faz pensar nossa relação com a natureza e com o mundo que nos rodeia.

Como olhamos para aqueles que, como a profa. Emanuela, como Almon, como Nimi, Mati e Maia acreditam que o mistério deva ser descoberto, que buscam sua relação com a natureza, que buscam respostas? Por que as discriminações, as gozações, se o seu pensamento, o seu modo de agir é um pouco diferente do considerado "normal"?

Um trechinho para dar o gostinho da prosa desse escritor israelense:


Além de Almon, o pescador, a quem ninguém dava ouvidos porque todos debochavam dele, não havia ali em toda a aldeia alguém que ensinasse as crianças que a realidade não é apenas o que o olho vê e não somente o que o ouvido escuta e o que a mão pode tocar, mas também o que se esconde do olho e do toque dos dedos e se revela às vezes, só por um momento, para quem procura com os olhos do espírito e para quem sabe ficar atento e ouvir com os ouvidos da alma e tocar com os dedos do pensamento. Mas quem aqui afinal queria dar atenção a Almon? Ele era um homem velho, falador e quase cego, que sempre ficava discutindo com seu medonho espantalho. (p. 52).



Mais uma leitura de muito prazer e reflexão.

Outros dados da obra:

Escritor: Amós Oz (nascido em Jerusalém, 1939. Esteve na Festa Literária Internacional de Paraty - FLIP em 2007. Um trechinho do que foi discutido na mesa da qual fez parte pode ser visto no site da FLIP, clicando aqui)

Título original: Pit'om Beomek Haiaar
Publicado originalmente em 2005
Tradutor do hebraico: Tova Sender
Editora: Companhia das Letras, 2007, 141 p.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Entusiasmos

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Não sei como isso se passa com vocês, mas vira e mexe tenho uns arroubos de entusiasmo com assuntos que me são queridos. No momento, vou me aventurando pelo mundo da literatura infanto-juvenil - garimpando aqui e ali, descobrindo a história desse modo de escrever, a riqueza gráfica das obras, a graça e a perícia dos ilustradores e escritores.

Pois bem, todo esse prelúdio para contar que hoje, esgaravatando pela net, me deparei com algo surpreendente! O Museu da Pessoa! Como só agora, meio ao acaso (que delícia é a surpresa), descobri esse site tão interessante? Nem mesmo sei, mas o entusiasmo é grande - a idéia é primorosa e o site de muito bom gosto.

Vale muito conhecer, principalmente para quem gosta de causos, de leituras, de histórias contadas pelas próprias pessoas - ver a pessoa contando a sua própria história, ouvir sua voz, ver suas expressões. Tentando passar um pouquinho da alegria dessa descoberta, experimentem esse link lá do Museu - Voando com guarda-chuvas (só para começar!).

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