quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Edgar Allan Poe - 200 anos


Aquarela sobre papel fabriano grana grossa



Edgar Allan Poe nasceu no dia 19 de janeiro de 1809. Duzentos anos se passaram e a vivacidade de seus escritos se mantém. Estou relendo os contos desse autor e sempre fico impressionada com a capacidade de prender nossa atenção e com a maneira como ele conseguia desenvolver as tramas, ao mesmo tempo em que criava narradores tão profundos e inquietantes como o inconstante homem que conta sua estória em O gato preto.

Nesse conto, narrado em primeira pessoa, acompanhamos o desenrolar de fatos que, segundo aquele que conta, o transformaram, afinal nem sempre fora ele um homem desequilibrado, capaz de ações indizíveis... Apesar de negar, a princípio, que queira justificar seus atos ou que alguém o venha a compreender, narra entremeando pensamentos que tentam levar a isso, minimizar os atos cruéis que praticou. É o típico narrador que não permite identificação com o leitor, que nos incomoda, algo como o Raskólnikov de Dostoiévski ou o Brás Cubas do Machado de Assis, guardadas, claro, as devidas diferenças.

"Para a muito estranha embora muito familiar narrativa que estou a escrever, não espero nem solicito crédito. Louco, em verdade, seria eu para esperá-lo, num caso em que meus próprios sentidos rejeitam seu próprio testemunho. Contudo, louco não sou e com toda a certeza não estou sonhando. Mas amanhã morrerei e hoje quero aliviar minha alma. Meu imediato propósito é apresentar ao mundo, plena e sucintamente e sem comentário, uma série de simples acontecimentos domésticos. Pelas suas conseqüências, estes acontecimentos me aterrorizaram, me torturaram e me aniquilaram. [...]" (O Gato Preto, in: Allan Poe - poesia e prosa. Rio de Janeiro: Ediouro, [19??]. p. 245)
Também foi Poe quem inspirou muitos autores de romances policiais. É considerado o criador dos primeiros contos cujas tramas envolvem mistérios que exigem o uso de muito raciocínio e lógica para serem resolvidos e nos quais aparece um minucioso e perspicaz detetive - Auguste Dupin. O personagem aparece em: Os crimes da rua Morgue , O mistério de Marie Rogêt e A carta roubada.

Vários contos de Poe podem ser encontrados na web. Em português, outros contos também igualmente interessantes:
Em inglês, podem ser encontrados no site da Edgar Allan Poe Society.

Um dos meus favoritos, além de O gato preto, é o conto A máscara da morte rubra. Um texto conciso e denso. Poe capricha na descrição para nos situar na abadia fortificada onde o Príncipe Próspero procura escapar da peste. A imagem que nos vem à mente é plasticamente intrigante - cores diferentes dominam cada salão (azul, púrpura, verde, laranja, branco, roxo e o assustador negro); música, agitação e constrangedores silêncios marcam aqueles que se retiraram com o príncipe, quase certos de que ali estariam seguros. A cada vez que leio (e já foram muitas) descubro algo novo - certamente é esta uma das características que faz Poe estar tão vivo hoje quanto há duzentos anos.

O bicentenário de Poe está sendo comemorado pelo mundo e há alguns endereços que vale a pena visitar (além de seu conteúdo, têm uma série de referências para outras fontes sobre o autor):
E também:
No Pós-estranho, um texto muito bom sobre os contos de raciocínio de Poe, dentre outros sobre o escritor.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Coelho (Rabbit / Lapin - Origami)


Estes simpáticos coelhinhos foram dobrados a partir do modelo idealizado pelo Yann (da região da Borgonha na França) e que tem um blog especialmente destinado para sua criação - o La cabanne à lapins (A cabana dos coelhos).

Esse blog tem uma proposta bastante interessante - nele, o autor disponibilizou o diagrama do modelo (ver aqui) e apresenta os vários lugares por onde passa e dobra o seu coelho.

Como todo bom modelo, este também permite variações. Além disso, o Yann criou uma seção de visitantes da Cabana (quem dobra envia uma foto para ele). Mandei a de dois coelhinhos e espero que ele goste (ver abaixo).

Como gostei muito da ideia e de dobrar os bichinhos, vou aproveitar para agradecer mais uma vez:

Merci, Yann!!



terça-feira, 4 de agosto de 2009

Fábulas - Liev Tolstói


Esta edição das Fábulas contadas por Tolstói é uma excelente adaptação para o público infanto-juvenil e, como tudo que é feito com cuidado, encanta a todos.

Além de o texto, traduzido diretamente do russo, ser claro, simples e gostoso de ler, as maravilhosas aquarelas do Cárcamo tornam esse pequeno volume indispensável.

Mais uma vez fiz a experiência de ler o livro com uma criança ao meu lado. Minha sobrinha (leitora mirim de 8 anos) e eu brincamos de ler em voz alta, alternando o narrador e os diálogos, comentando sempre as imagens.

O interessante é que ela já tinha lido, na escola, algumas adaptações de fábulas de La Fontaine e conseguiu identificar o gênero e também alguns pontos de contato entre as histórias. As favoritas dela foram O leão e o rato; A cadela e o reflexo (adoramos a cena da água); e O mosquito e o leão.

A minha favorita foi A oliveira e o capim, por tratar singelamente da importância da flexibilidade em nossas vidas; do valor de saber, quando necessário, calar e aguardar. O mais bonito ainda, nessa fábula, é ser contada em apenas duas páginas, belas aquarelas, manchas que a gente olha e olha, flexíveis como a fábula.

Um livro que a gente nunca se cansa de ler e apreciar.


Mais informações sobre a obra:

Autor: Liev Tolstói (1828-1910)
Seleção, adaptação e tradução do russo: Tatiana e Ana Sofia Mariz

Ilustrações: Cárcamo (Se você ainda não o conhece, não deixe de visitar o site e o blog desse excepcional mestre das aquarelas).

Edição: Companhia das Letrinhas, São Paulo, 2009, 45p.