sábado, 27 de dezembro de 2008

Morcego da Sorte (Happy Goodluck Bat - Origami)



Este é o Morcego da Sorte, criado pelo origamista Michael LaFosse e que pode ser aprendido com instruções do próprio idealizador no site PEM Origami, disponível na lista de modelos de 2007. Trata-se de um origami considerado de nível avançado e feito com a técnica "Wet folding", esta criada pelo origamista Akira Yoshizawa.

Foi o primeiro modelo que fiz utilizando esta técnica, na qual trabalhamos com o papel úmido. Para isso, utilizei uma esponja embebida em pouca água e passei delicadamente sobre o papel seco - não deixei que o papel ficasse encharcado, mas levemente umedecido. É bastante interessante, pois o papel fica mais macio e bem mais maleável.

No vídeo do LaFosse, há dicas importantes para trabalhar com esta técnica: não utilizar as unhas para vincar (para marcar o papel, o que costumamos fazer com o papel seco) e também não usar a mesa como apoio, por exemplo. Como o papel está úmido também fica bem mais delicado - é muito gratificante a experiência de ir moldando o papel nas mãos.

No site Transformando papel em arte, há mais algumas dicas sobre a técnica Wet Folding - vale consultar!

Um outro ponto interessante é que se trata de um modelo que admite algumas variações. No morcego que aparece no início deste post (foto acima), abri um pouco as orelhas no meio, diferente do que aparece no vídeo original. Também é possível fazer algumas variações na carinha e nas asas do morcego.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

A pequena marionete - Gabrielle Vincent




Branco. Preto. Imagens. Leveza.

Um menininho e um teatro de marionetes.

Deslumbramento e ternura - as sensações despertadas pela leitura deste livro de imagens. De imagens e emoções.

Antes de continuar: observe primeiro algumas imagens, clicando aqui (primeiro capítulo disponível no site da Livraria Cultura).

Vistas as imagens... Na primeira leitura que fiz do livro (sim, leitura), desta história criada pela artista belga chamada Gabrielle Vincent (pseudônimo de Monique Martin), descobri que não havia entraves lingüísticos (francês? português?) que pudessem tornar difícil a nossa comunicação, o nosso contato, que nos impedissem de compartilhar, como autora e leitora, esta singela história. As imagens falavam sem precisar de palavras.

Mas, há sempre quem se pergunte: como ler um livro sem palavras? Lembro então das palavras de Alberto Manguel em Uma história da leitura (Cia. das Letras, p. 19-20):

"Ler as letras de uma página é apenas um de seus muitos disfarces. O astrônomo lendo um mapa de estrelas que não existem mais; o arquiteto japonês lendo a terra sobre a qual será erguida uma casa, de modo a protegê-la das forças malignas; o zoólogo lendo os rastros de animais na floresta; o jogador lendo os gestos do parceiro antes de jogar a carta vencedora; a dançarina lendo as notações do coreógrafo e o público lendo os movimentos da dançarina no palco; o tecelão lendo o desenho intrincado de um tapete sendo tecido; o organista lendo várias linhas musicais simultâneas orquestradas na página [...] todos eles compartilham com os leitores de livros a arte de decifrar e traduzir signos. [...] Todos lemos a nós e ao mundo à nossa volta para vislumbrar o que somos e onde estamos. Lemos para compreender, ou para começar a compreender. Não podemos deixar de ler. Ler, quase como respirar; é nossa função essencial."

Aprender a ler as imagens, a observá-las, reparar em cada detalhe, tentar deixar-se levar pelo traço... é isso que tenho tentado aprender - ler, sentir, onde não há palavras também. Ainda que agora precise de todas elas para tentar descrever essa obra.

Melhor do que as palavras, contudo, é pegar o livro na mão e experimentá-lo. Reluto até em tentar descrever a sua linha narrativa...

A espontaneidade e a suavidade do traço da artista realmente encantam. Encontrei um trecho de um depoimento dela, em francês, que mostra um pouco de como era sua experiência, como ela criava os desenhos (abaixo segue o texto em francês e uma tentativa de tradução para o português):


«[...] Les histoires que je dessine sont souvent des histoires vécues ou observées. J’en ai le scénario dans la tête, et lorsque je prends le crayon, puis la plume, tout vient très vite. Je dessine un peu comme une somnambule, comme si ce n’était pas moi. D’où, sans doute, cette façon que j’ai d’être le spectateur de moi-même, de ne pas arriver à me prendre au sérieux. Presque toujours, c’est le premier croquis qui est le bon, j’aime la spontanéité.» (texto extraído do site da Casterman)

"[...] As histórias que desenho são geralmente histórias vividas ou observadas. Tendo o cenário em mente, e assim que pego o lápis, depois a pena, tudo vem muito rápido. Desenho um pouco como uma sonâmbula, como se não fosse eu. De onde, sem dúvida, este jeito que tenho de ser o expectador de mim mesma, de não chegar a me levar a sério. Quase sempre, é o primeiro esboço que fica bom, eu amo a espontaneidade."


E, para além das sugestões de atividades com as crianças que aparecem no final dessa edição lida, imagino que a primeira delas deveria ser colocar o livro nas mãos da criança... sem falar muito... sem palavras... e observar suas reações, deixá-la saborear as imagens sem muita intervenção.

Para descrever este livro, as palavras me traem e, ao mesmo tempo, são meu instrumento.

Um livro, imagens-poesia. Lindo.


Outros dados da obra:

Título original: La petite marionnette
Autora: Gabrielle Vincent (pseudônimo de: Monique Martin - 1928-2000)
São Paulo, Editora 34, 2007, 84p.

Arte: é possível ver um pouco do trabalho da autora nas páginas que estão disponíveis no site Amazon para outra obra dela - Um dia, um cachorro, clicando aqui.