terça-feira, 4 de maio de 2010

Bisa Bia, Bisa Bel - Ana Maria Machado


Há alguns meses namoro esse livrinho nas prateleiras da seção infanto-juvenil de uma livraria. Achei o título meio misterioso e não me vinha nada na cabeça sobre o que pudesse significar, também me recusei a ler a sinopse na contracapa e nas orelhas do livro. De vez em quando faço isso, para não perder aquela sensação de descobrir por mim mesma o que se passa na história, quais emoções a leitura vai despertar.

Logo no começo do livro, já ficamos sabendo um pouco do que se trata. É Isabel, a menina narradora quem conta ter ficado surpresa ao encontrar a foto da sua bisavó ainda criança - a Bisa Bia. Daí começa uma leitura muito, muito prazeroza, divertida e sensível. É realmente um clássico da nossa literatura, daquelas histórias que vão durar muito, muito tempo, porque falam das pessoas que moram dentro de nós e por causa das quais nós certamente estamos por aqui, vivendo hoje. É uma obra que ganhou muitos prêmios desde que surgiu pela primeira vez em 1981.

Garota questionadora e sensível, Isabel conta coisas do seu dia a dia: conversa com a mãe, vai à escola, encontra os amigos, fica alegre, triste, como todo mundo, e vai se construindo, aprendendo a se entender e a entender o mundo à sua volta.

Marcante é como ela acaba percebendo o valor daqueles que vieram antes dela e também o valor que poderemos ter para aqueles que virão depois de nós. Histórias de outros entrelaçadas dentro dela mesma. Entrelaçadas dentro de nós.

O que sempre admiro nas obras da Ana Maria Machado é a forma como ela conta a história - que escritora! Um trechinho do começo só para dar o gosto:

"Minha mãe é gozada. Não tem essas manias de arrumação que muita mãe dos outros tem, ela até que vai deixando as coisas meio espalhadas pela casa, um bocado fora do lugar, e na hora em que precisa de alguma coisa quase deixa todo mundo maluco, revirando pra lá e pra cá. Mas de vez em quando ela cisma. Dá uma geral, como ela diz. Arruma, arruma, arruma, dois, três dias seguidos... Tira tudo do lugar, rasga papel, separa roupa velha que não usa mais, acha uma porção de coisas que estavam sumidas, joga revista fora, manda um monte de bagulho para a gente usar na aula de arte na escola. E sempre tem umas surpresas para mim - como um colar todo colorido e brilhante que um dia ela achou e me deu para brincar.

Pois foi numa dessas arrumações, quando minha mãe estava dando uma geral, que eu fiquei conhecendo Bisa Bia. Parecia até a história da vida do gigante, que minha tia conta. Sabe? Aquela história que diz assim [...]" p. 7


Tive muitas lembranças e também muitas saudades boas despertadas nessa leitura, principalmente de uma avó querida que morava com a gente e nos contava histórias quando pequenos...

Não deixem de ouvir também a própria Ana Maria falando um pouco da sua infância num trechinho de entrevista que ela deu ao Museu da Pessoa:





A edição conta ainda com ilustrações leves e soltas, gostosas de ver, da Mariana Newlands. Para conhecer mais sobre essa ilustradora, vale visitar o Ficções do Interlúdio.

Aqui no blog já comentamos também um outro livro da Ana Maria - o Raul da Ferrugem Azul.

Mais alguns dados da obra:
Ano da primeira publicação: 1981
Autora: Ana Maria Machado
Ilustradora: Mariana Newlands
Editora: Moderna/Salamandra. São Paulo, 3a. edição reformulada, 2007. 80 p.

sábado, 1 de maio de 2010

Guache (Estudos - 3)




Mais estudos com guache, desta vez em papel canson comum.

A proposta destas ilustrações era mostrar um bebê dormindo no carrinho e uma senhora idosa com manchas senis para um livro didático. Das seis que precisavam ser feitas, incluindo uma senhora com muitas rugas, um bebê usando um mordedor e um garoto com cachumba, resolvi postar apenas estas - foram as que ficaram mais simpáticas (rs).

Os estudos agora estão ficando mais interessantes porque precisamos criar nossa própria linguagem visual, nossos próprios "personagens". Estou começando também a entender melhor como trabalhar com a densidade do guache e com as sobreposições da tinta e das cores. Ainda há muita coisa a aprender e, por isso, este é um caminho muito bom de trilhar!