terça-feira, 30 de setembro de 2008

Estrelinhas (Little Stars - Origami)



As estrelinhas de origami são feitas com tiras de papel, que podem variar de tamanho. Para estrelinhas de 1 cm X 1 cm, como as que aparecem na foto acima, utilizei tiras de papel de 0,75 cm de largura X 15 cm de comprimento.

As tiras também são vendidas, já na medida e papel adequado, em papelarias que tenham material para origami como a Gana Presentes . Usei as que se chamam Pastel Star (Jong Ie Nara).

A dobra da estrelinha não é muito complexa, mas exige alguns cuidados. Fiz uma adaptação para o português das instruções que vieram com as tiras Pastel Star (que estavam em japonês/inglês) - espero que este diagrama ajude a dobrar (para visualizá-lo, clique aqui).


A dificuldade nas primeiras tentativas é apenas momentânea, só até pegarmos o jeito de como iniciar a dobra e depois lembrar que não se pode simplesmente enrolar o papel. As voltas do papel não podem passar exatamente no mesmo lugar que a dobra anterior, devem acompanhar as laterais para manter sempre o formato do pentágono. Também não se deve firmar demais as marcas (não se deve passar a unha para vincar o papel), pois isto dificultará o momento de deixar a estrela fofinha. Um vídeo que ajuda bastante a entender a dobra é o do Rafael Beraldo:




É interessante como, depois de umas cinco estrelinhas, esse modelo se tornou uma verdadeira febre! Já enchi três vidros diferentes - que acabaram se tornando opções interessantes de presente para os amigos.



quinta-feira, 25 de setembro de 2008

As três perguntas – Jon J. Muth



Baseado em um conto de Tolstoi, Jon J. Muth elabora um precioso material em que o texto, adaptado para um público mais jovem, em belo diálogo com suas impressionantes aquarelas, leva-nos a uma profunda reflexão.

Enquanto, no conto de Tolstoi, o personagem principal é um soberano preocupado com três questões que o intrigam, sem que ninguém consiga lhe fornecer respostas satisfatórias, até que ele parta em busca delas, no livro de J. Muth, é o garoto Nikolai quem faz a si mesmo as três importantes perguntas:

"Qual é o melhor momento para fazer as coisas?
Quem é mais importante?
Qual é a coisa certa a ser feita?" (p. 6)

Nikolai conta com a ajuda de seus amigos Sônia, a garça; Gogol, o macaco; e Pushkin, o cachorro, que, apesar de tentarem, também não conseguem fornecer respostas que tranquilizem o coração do garoto. Como conseguir prosseguir vivendo enquanto essas três perguntas engolfam seu espírito? As respostas, o próprio Nikolai vai descobrir ao partir em jornada para encontrar uma sábia tartaruga que vive nas montanhas.


Jon J. Muth - ilustração em aquarela
As três perguntas - p. 23

Trata-se, sem dúvida, de uma bela adaptação que realmente nos encanta e nos faz pensar.

Para conhecer mais algumas aquarelas desse artista de Ohio, vale acessar a página dele, clicando aqui.

A edição brasileira do livro (primeira foto) é da Martins Fontes e está bem cuidada – papel couché e boa apresentação das cores das ilustrações. O livro americano, editado pela Scholastic Press, conta com uma bela capa dura (ver abaixo) e com uma folha de proteção semelhante à capa que foi adotada para a edição brasileira.



Mais detalhes da obra:
Autor e ilustrador: Jon J. Muth
Título original: The three questions
Tradução: Monica Stahel
Martins Fontes, 2004 (3a. tiragem 2008), 32 p.

Edição americana:
Scholastic Press, 1a. publicação em 2002.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Kusudama Spring (Origami)




Mais um kusudama com efeito muito bonito no final. Existe uma boa adaptação do diagrama feita pelo Roberto Colombo do blog Origaming (ver aqui).

As 30 peças iguais necessárias para montar o modelo são feitas a partir de um diagrama bem simples.




Os encaixes são feitos em grupos de 5 peças que precisam ser coladas, resultando no kusudama Spring fechado. Se parássemos por aí, já teríamos um kusudama bem bonito. Mas, para fazer jus ao nome Spring (primavera), precisamos levantar as pétalas (no modelo abaixo, correspondem às partes brancas).



E, depois de abertas as pétalas, o resultado é mesmo muito gratificante - ficando assim:




sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Exposição Machado de Assis - Museu da Língua Portuguesa




Para os admiradores da nossa língua e do Bruxo do Cosme Velho, vale muito o passeio ao excelente Museu da Língua Portuguesa.

A exposição “Machado de Assis, mas este capítulo não é sério” está organizada como os capítulos de um livro. Cada bloco da exposição tem um título específico e, logo no início da visita, ganhamos uma brochura bem interessante, com um jeitão de folhetim (nela, além da orientação sobre a exposição, há também escritos de Machado que não estão nas salas).

Passamos então a nos aprofundar pelo mundo machadiano, passeando entre trechos de textos de suas obras - passamos pelo Folhetinista, pelos Olhos de Ressaca, pelo Vergalho, pelo Irreal Gabinete de Leitura, entre outros, até cairmos em Delírio.



Capítulo MCMVIII - O Delyrio
Museu da Língua Portuguesa
No corredor do Delírio, podemos observar folhas de rosto das primeiras edições dos livros machadianos, folhas de jornais da época, com trechos de seus folhetins publicados, fotografias, charges...

Foi muito bom poder ver de pertinho alguns originais manuscritos do autor - conhecer-lhe a letra e observar as emendas, as palavras riscadas, substituídas, em algumas páginas. Também interessante é o capítulo Irreal Gabinete de Leitura - nele, podemos nos sentar entre telões que projetam vários tipos de leitores declamando os textos machadianos. Vale parar e ouvir. É como consta na página 38 da brochura:
Machado, voraz leitor, freqüentou por muitos anos o Real Gabinete Português de Leitura. Com centenas de milhares de volumes, foi possível a Machado ler e ter contato com obras e autores que de outra forma ele não teria conseguido, homem de posses modestas. Mas nesta sala, ao contrário do silêncio de uma biblioteca, você ouvirá vozes; De leitores de Machado: porteiros, professores, artistas, escritores, etc.
Um policial lê texto de Machado de Assis
no Irreal Gabinete de Leitura
Museu da Língua Portuguesa

A exposição homenageando o centenário do falecimento de Machado de Assis aberta, a princípio, até o dia 26 de outubro, foi prorrogada e permanecerá até o dia 01/03/2009, de terça a domingo das 10h às 17h (para mais informações sobre a exposição e o funcionamento do museu, é só clicar aqui.).

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Alice viaja nas histórias – Gianni Rodari / Anna-Laura Cantone




O que Alice vai fazer em um dia chuvoso sem poder sair para brincar?

Resolve então pegar um livro naquela estante enorme... Uhn... será uma boa idéia? Que sono... Mas isso dura muito pouco... foi só ler duas páginas e pimba! Alice cai literalmente dentro do livro e começa a viajar pelos contos de fadas, numa brincadeira bem ao estilo desse instigante autor italiano.

É um livro encantador – as belíssimas e divertidas ilustrações da Anna-Laura Cantone conversam muito bem com o texto de Rodari. Atentar para uns passarinhos vermelhos que aparecem em todas as páginas – têm uma vida própria dentro da história.

Fiz a experiência de apresentar este livro para a minha sobrinha de 7 anos, que aprendeu a ler não faz muito tempo, e foi uma diversão! Gostamos bastante da salada de histórias e como Alice vai se virando em meio a tudo aquilo que se passa no livro em que caiu. Rimos bastante (muito divertido também perceber a indignação e o riso da criança ao se dar conta, lendo, que os contos de fadas, conhecidos de cor, estavam todos misturados nesse livrinho - o que vai acontecer com a pobre Alice?).

Uma pequena dificuldade aqui e outra ali, todas com relação à mecânica da leitura - no reconhecimento de algumas letras, devido às fontes utilizadas no livro, que são muito bonitas e imitam as letras cursivas, mas, como são um pouco estilizadas, geraram uma pequenina dificuldade para perceber os "f" e os "ve". Para as crianças que já têm mais fluência na leitura, isso não deve apresentar dificuldades. Entretanto, esse fato não tirou em nada o prazer que o livro nos proporcionou.

O nome Alice, uma moça dormindo na floresta, um certo gato que aparece quase no final do livro e outros personagens de contos de fadas não estão ali apenas por estar. A estrutura lembra as lições que Rodari nos oferece no excelente Gramática da Fantasia, uma obra voltada para despertar a imaginação e a criatividade das crianças (ver, nessa obra, os capítulos "Chapeuzinho Vermelho no helicóptero", "As fábulas ao contrário", "Salada de fábulas", por exemplo). Rodari, como professor que foi e viveu várias situações em sala de aula com as crianças, estimula, nos leitores de Alice viaja nas histórias, o que teorizou:

"Criatividade" é sinônimo de "pensamento divergente", isto é, de capacidade de romper continuamente os esquemas da experiência. É "criativa" uma mente que
trabalha, que sempre faz perguntas, que descobre problemas onde os outros encontram respostas satisfatórias (na comodidade das situações onde se deve farejar o perigo), que é capaz de juízos autônomos e independentes (do pai, do professor e da sociedade), que recusa o codificado, que remanuseia objetos e conceitos sem se deixar inibir pelo conformismo. Todas essas qualidades manifestam-se no processo criativo. [...] (Gianni Rodari, Gramática da Fantasia, Summus Editorial, p. 140)


Mais alguns dados de Alice viaja nas histórias:

Autor: Gianni Rodari (1920-1980). Vale uma visita ao site oficial do autor (em italiano), clicando aqui - há mais informações biográficas e algumas fotos disponíveis.

Ilustradora: Anna-Laura Cantone
Algumas ilustrações para degustar a arte de Anna-Laura podem ser vistas no The Art File, clicando aqui.

Título original: Alice nelle figure
Tradução: Silvana Cobucci Leite e Denise Mattos Marino
São Paulo, Editora Biruta, 2007


segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Gatos (Cats - Origami)




Este gato foi criado pelo origamista Román Díaz e o diagrama pode ser encontrado no site Origami Chile, clicando aqui.

Um diagrama versátil que permite variações interessantes no modelo final. Se for utilizada uma tira de papel bem comprida, por exemplo, é possível criar efeitos diferentes para o rabo dos gatos: enrolados ao redor do corpo, ondulantes, espetados. Também permite algumas mudanças na cabeça e nos olhos. Gostei tanto deste modelo que fiz vários bichanos - uma família colorida.



Enquanto dobrava, brincando com o papel, imaginava a flexibilidade dos felinos, seu ar distante, e foi inevitável a lembrança deste poema do Jorge Luís Borges:


A um gato


Não são mais silenciosos os espelhos
Nem mais furtiva a aurora aventureira;
Tu és, sob a lua, essa pantera,
Que divisam ao longe nossos olhos.
Por obra indecifrável de um decreto
Divino, buscamos-te inutilmente;
Mais remoto que o Ganges e o poente,
Tua é a solidão, teu o segredo.
Teu dorso condescende à morosa
Carícia de minha mão. Sem um ruído,
Da eternidade que ora é olvido,
Aceitaste o amor dessa mão receosa.
Em outro tempo estás. Tu és o dono
De um espaço cerrado como um sonho.


In: BORGES, J.L. O Ouro dos Tigres. Obras Completas, v. II, p. 551, Ed. Globo