segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Planar RSTUVWXYZ (Origami)




Este modelo do Meenakshi Mukhopadhyay é feito com 72 peças que se encaixam. Utilizei papéis de 7,5 x 7,5cm - 9 cores diferentes (ou seja, 8 peças de cada cor).

Para conseguir fazê-lo, utilizei as orientações que constam na página de origami do Fernando Nascimento.


Os passos que constam no site estão bem explicados, contudo um ponto de dificuldade foi conseguir entender a montagem da 5a. volta (ronda), por isso, abaixo, inseri um pequeno passo-a-passo dessa etapa (um modo que encontrei para conseguir concluir o modelo):


A 5a. ronda:

1) Para conseguir montar a 5a. ronda, na qual utilizamos a nona cor (no meu exemplo é o azul escuro), trabalhei a 6a. ronda (no exemplo abaixo, a peça rosa) em conjunto com ela.

Encaixei essa peça azul escura em uma que já existia da ronda anterior (a peça preta) e também a encaixei na da 6a. ronda (a peça rosa), formando um encaixe de 5 peças.


Foto 1 - 4a. ronda / Foto 2 - peça rosa (6a. ronda) e peça azul (5a.ronda)


Foto 3 - peça rosa encaixada / Foto 4 - peça azul encaixada na preta da 3a. ronda e encaixada também na peça rosa da 6a. ronda (encaixe de 5 peças)

2) Para encaixar a próxima peça azul da 5a. ronda, acoplei-a à peça rosa (da 6a. ronda e que tínhamos encaixado anteriormente). Esta peça azul foi também encaixada na peça roxa que já existia, formando, então, o encaixe de 3 peças.


Fotos 5 e 6- peça azul encaixa do outro lado da peça rosa

Foto 7 - peça azul encaixa na peça roxa (encaixe de 3 peças) /
Foto 8 - aparência da 5a. e 6a. rondas depois de encaixadas as peças


3) Então é só pegar mais uma peça da 6a. ronda e encaixar (no meu caso, teria de encaixar na peça amarela e na azul escura que já estão lá), formando outro conjunto de 5 peças e assim sucessivamente. O final dessas duas rondas, fica com a aparência da última foto acima.

Conseguir encaixar todas as 72 peças e ver o modelo pronto é muito gratificante. Algumas crianças que viram a peça gostaram muito dela e até a rebatizaram: o Planar acabou virando o Porco Espinho!

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

La Divina Increnca - Juó Bananére



Publicada originalmente em 1915, La Divina Increnca é uma coleção de poemas satíricos compostos em uma linguagem bastante peculiar e divertida – uma mistura do italiano, do português e do caipira falado nas ruas de São Paulo naquela época. Trata-se de um linguajar bastante peculiar e facilmente reconhecível, principalmente para quem tem contato com italianos ou descendentes diretos deles.

Contudo, apesar das influências que o italiano certamente deixou no nosso sotaque paulista, essas influências já não se mostram hoje tão evidentes quanto na época de Bananére, quando os imigrantes italianos chegavam em massa para trabalhar nas fazendas ou nas indústrias do estado.

Juó Bananére - pseudônimo adotado pelo autor Alexandre Ribeiro Marcondes Machado, nascido em Pindamonhangaba em 1892.

Ri muito com os divertidos poemas desse candidato a “Gademia Baolista di Lettera”, especialmente ao reconhecer as referências a poemas consagrados do mundo literário. A esculhambação que o Bananére faz é ótima. Ninguém escapa: Bilac, Gonçalves Dias, Edgar Allan Poe, La Fontaine e até Camões são referenciados, parodiados.

Abaixo um exemplo comparativo - um trecho de "Meus oito anos" do Casimiro de Abreu, no qual a infância é idealizada, um poema tipicamente romântico e, em seguida, um trecho do poema "Os meus otto ano" de Bananére, em que a infância é retratada de modo bem diferente!

"Meus oito anos
Casimiro de Abreu

[...]

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é - um lago sereno,
O céu - um manto azulado, [...]"

"Os meus otto anno
Juó Bananére

O chi sodades che io tegno
D'aquillo gustoso tempigno,
Ch'io stava o tempo intirigno
Bringando c'oas mulecada.
Che brutta insgugliambaçó,
Che troça, che bringadêra,
Imbaxo das bananera,
Na sombra dos bambuzá.

Che sbornia, che pagodêra,
Che pandiga, che arrelia,
A genti sempre afazia
Nu largo d'Abaxo o Piques,
Passava os dia e as notte
Brincando di scondi-scondi,
I atrepáno nus bondi,
Bulino cos conduttore. [...]"
O gostoso também é ler os poemas em voz alta tentando imitar o sotaque italiano. No Ver São Paulo n.1, é possível conhecer um pouco mais sobre esse autor, também cronista e jornalista, e ouvir alguns poemas dele declamados. Muito interessante ouvir a voz do próprio Bananére em Sóle Mio.

É possível também ler os poemas de La Divina Increnca, em sua versão on-line. Nesta versão, há links para um glossário que remete às figuras da época e que o autor satirizava.

A edição da Editora 34 que lemos apresenta o texto como foi publicado originalmente e conta ainda com textos de Otto Maria Carpeaux e Antônio de Alcântara Machado.

A capa e as ilustrações são de Voltolino (1884-1926). É possível conhecer alguns de seus trabalhos, incluindo algumas ilustrações para o Sítio do Picapau Amarelo de Monteiro Lobato, clicando aqui.



Outros dados da obra:
Autor: Juó Bananére (Alexandre Ribeiro Marcondes Machado - 1892-1933)
Título: La divina increnca
Ilustrador: Voltolino
São Paulo, Editora 34, 2001, 72 p.

A edição da Editora 34 é a reprodução integral da primeira edição de 1915. Houve outras edições posteriores a 1915 que foram alteradas pelo autor. Até a 9a. edição, em 1925, Bananére acrescentou mais poemas, uma peça e outras histórias à obra.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

A fada que tinha idéias - Fernanda Lopes de Almeida



Vamos começar este texto apresentando uma criaturinha muito esperta e deixando que ela mesma fale:


"Clara Luz era uma fada, de seus dez anos de idade, mais ou menos, que morava lá no céu, com a senhora fada sua mãe. Viveriam muito bem se não fosse uma coisa: Clara Luz não queria aprender a fazer mágicas pelo Livro das Fadas. Queria inventar suas próprias mágicas.

- Mas, minha filha - dizia a Fada-Mãe - todas as fadas sempre aprenderam por esse livro. Por que só você não quer aprender?
- Não é preguiça, não, mamãe. É que não gosto de mundo parado.
- Mundo parado?
- É. Quando alguém inventa alguma coisa, o mundo anda. Quando ninguém inventa nada, o mundo fica parado. Nunca reparou?
- Não...
- Pois repare só." (p. 7)

É assim que começam as deliciosas aventuras da menina-fada que revoluciona o mundo mágico. É relampagozinho (relampinho) que vira um fermento complicado, é chuva colorida que alegra a criançada lá da terra, é festa no céu com direito a muita cantoria. Mas são também mágicas que geram muitos medos, suspiros e desmaios nas Fadas adultas que não querem de modo algum, imaginem, incomodar o protocolo da Rainha das Fadas. Afinal, novas mágicas não eram permitidas - o livro das fadas devia ser seguido.

Sem dúvida, uma fadinha que vem espanar poeirentos costumes e injustas repressões.

Este é mais um livro relido, marco de infância, que se mostrou resistente ao tempo. Se para as crianças o delicioso é conseguir ler com facilidade, surpresa e alegria as aventuras da Clara Luz, tendo frisado o estímulo à criatividade e à liberdade, para os adultos é reviver tudo isso, além de sentir uns belos beliscões e cutucões que não deixam ninguém muito sossegado na sua poltrona; belos puxões de orelha para espantar idéias poeirentas e lembrar que criatividade e alegria ainda existem.

Nessas sensações revividas, ao chegar à última página, a grande surpresa foi a leveza, o fechar o livro devagarinho, com um sorriso bem largo no rosto, tentando enveredar por uns certos horizontes...


"A Professora de Horizontologia
[...]
- A minha primeira opinião é que não existe um horizonte só. Existem muitos.
- Está enganada - disse a Professora. - Horizonte é só um!
- Eu sei que todos acham que é só um. Mas justamente vou escrever um livro, chamado Horizontes Novos.
- Você vai escrever um livro? - perguntou a Professora, cada vez mais admirada.
- Vou. Eu acho que criança também pode escrever livros, se quiser, a senhora não acha?
- Acho, sim.
- Pois nesse livro eu vou dizer todas as minhas idéias sobre o horizonte.
- São muitas? - quis saber a Professora.
- Um monte. Por exemplo: eu acho que nós duas não devíamos estar aqui.
- Ué! Devíamos estar onde, então?
- No horizonte, mesmo. Assim, em vez da senhora ficar falando, bastava me mostrar as coisas que eu entendia logo. Sou muito boa para entender.
- Já percebi - disse a Professora.
- Tenho muita pena das professoras, coitadas, falam tanto!" (p.23)

Para conhecer um pouquinho mais sobre a estória da criação deste livro nas palavras da autora e também espiar as singelas ilustrações do Edu, vale dar uma olhada no site da editora, clicando aqui.

No final da edição consultada (27a.), há ainda comentários de Laura Sandroni e também um depoimento da própria autora.


Outros dados da obra:

Ano da primeira publicação: 1971
Ilustrações: Edu
Edição consultada e de onde foram extraídas as citações:
São Paulo, Editora Ática, 27 ed., 2007, 64p.
(Coleção Fernanda Lopes de Almeida)

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Elefantes (Elephant - Origami)






Este modelo de elefante foi criado pelo origamista Enomoto Nobuyoshi.

Para dobrá-lo, utilizei papéis para origami de 15 X 15 cm e gostei bastante do resultado. Foi feito com base em um vídeo que está disponível no Youtube (ver aqui).

Para conseguir finalizar o modelo utilizando esse vídeo, foi preciso parar e votar a imagem em vários momentos.

Trata-se de um modelo que requer alguma prática (não é de nível fácil), principalmente porque tem muitas dobras do tipo "inside reverse fold" e "outside reverse fold". Se quiser tentar fazer este simpático elefante e ainda não tiver muita familiaridade com origamis de níveis intermediário ou avançado, recomendo exercitar primeiro esses dois tipos de dobras. Para isso, vale consultar o artigo Dobrando Origami I do blog Transformando papel em arte (é só clicar aqui).