quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O Rei de Quase-Tudo - Eliardo França




O Rei de Quase-Tudo sempre queria mais. Não se contentava com nada do que tinha - queria acumular, aprisionar, guardar... Mas, até onde se pode realmente "ter" tudo? Precisamos "ter" tanto?

Estas questões, com sua profundidade própria, são tratadas de forma primorosa pelo autor, Eliardo França. Seu texto e suas belas ilustrações podem parecer simples à primeira vista - contudo, é justamente nessa simplicidade e leveza que moram a sua força e capacidade instigadora.
A arte das imagens, suas cores, trabalham em conjunto com o texto para dar o clima da narrativa (dá para ver um exemplo de ilustração no site do autor, clicando aqui). Gosto em especial da imagem de página inteira que mostra o Rei de Quase-Tudo triste, quando ele começa a perceber que, tendo aprisionado tudo, não tinha realmente nada.

Este livro foi lançado em uma época conturbada da nossa história, em 1974, época do governo militar. E tratar dessa relação de posse e poder ditatorial, trazendo a temática para o público infantil, foi extremamente importante - o foi na época e continua sendo até hoje, pois vai além e nos permite pensar na posse, no "ter" em vários outros sentidos também. É como um farol aceso que aponta o que pode limitar nossa capacidade de usufruir a vida e de sermos livres.

Muito premiada (recebeu menção honrosa na Bienal de Ilustrações de Bratislava, em 1975; o primeiro lugar como "Livro para um Mundo Melhor" da Unesco, em 1979; entre outros), esta obra, sem dúvida, merece todas as honrarias que recebeu.

Demorei para conhecê-la - só agora tive a oportunidade de lê-la - e posso garantir: continua tão viva hoje quanto na época em que foi lançada. É daqueles livros aos quais gostamos de voltar sempre, por isso, como sempre gosto de reforçar aqui: é uma obra muito recomendável não só para o público infantojuvenil, pois sua arte e texto são muito acessíveis aos pequenos, mas também é excelente para o público adulto!

Mais alguns dados da obra:

Primeira publicação: 1974
Autor: Eliardo França (MG, 1941 - )
Ilustrações do próprio autor
Editora: Global
São Paulo, 15a. edição, 2011
Trechinho de entrevista com o autor pelo Museu da Pessoa no youtube.


domingo, 2 de dezembro de 2012

Gepetos de Praga - Caixa Cultural SP


Marionete da peça "O rei está morto, viva o rei"
da coleção particular de Antonín Müller


No imponente prédio preto da Caixa Econômica Federal, no coração da cidade de São Paulo - Praça da Sé, está em cartaz até hoje - 02/12/2012, uma exposição encantadora.

São aproximadamente 100 marionetes da República Tcheca, de diversos estilos e tamanhos. Não há como ficar indiferente às figuras, ao design dos bonecos. Há bonecos esculpidos em madeira e outros materiais, alguns com roupas com detalhes em tecido.

Impressionantes as marionetes de "Don Juan e os Anjos" de Michal Hejmovsky. O Don Juan é imenso, quase do tamanho de uma criança de 8 ou 9 anos!


Peça "Don Juan e os Anjos" de Michal Hejmovsky

Era permitido fotografar a exposição e, por isso, aqui vai uma pequena amostra das coisas lindas que há por lá:


Marionete da peça "O rei está morto, viva o rei"
da coleção particular de Antonín Müller



Peça "Magic Glasses" - Coleção de Pavel Truhlár
Autor: Mikulás Havlik



Teatro Bajaja - Autor: Jan Ruzicka



Uma marionete com sua marionete
Da Série Bobos da Corte - autores: Daniel Truhlár, Rosta Marek, Martin Ruzicka, Martn Kadlec



Também muito interessantes os personagens da peça "A ilha do tesouro" - o veio cômico fica nítido no desenho dos personagens. Pena que só faltaram os titereiros para apresentar a peça - bem que eu queria sentar no chão e assistir um espetáculo com essas marionetes!

"A ilha do tesouro" de Jan Susa


Lindas também as peças do Pavel Truhlár. Gostei muito do design dos personagens e do cenário. Além de muitas outras marionetes que estão lá na exposição.

"Gulliver em Lilliput" - Autor: Pavel Truhlár


Se puder ir, não perca! 

Exposição Gepetos de Praga
Caixa Cultural SP - 29/09 a 02/12/2012
Praça da Sé, 111 - Centro
Entrada Gratuita
Mais informações: Caixa Cultural São Paulo



quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Manchas e Transparências - Mostra de Aquarelas em Ilhabela / SP



No próximo dia 04/08, sábado, começa a exposição de aquarelas em Ilhabela chamada Manchas e Transparências, contando com 14 aquarelistas, todos excelentes colegas e alunos do mestre Cárcamo.

Também estarei por lá, participando com três aquarelas - vai ser uma experiência muito nova e muito interessante (primeira exposição é assim!).

Aproveito para convidar todos vocês para a exposição! 
(mais informações no folder acima).


Aquarelas se preparando para visitar o litoral paulistano


Atualizando:

A exposição fica aberta até dia 15/08 e tem aquarelas muito, muito bonitas para apreciar - se estiverem perto de Ilhabela, aproveitem! 
Tem aquarelas do Cárcamo e de colegas queridos do mundo dos pincéis e das tintas!

 Quadros em Ilhabela

Quadros em Ilhabela no dia da abertura

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Cisne (Swan - Origami)




Criado pelo vietnamita Hoang Tien Quyet, este é um modelo de cisne bastante interessante, pois permite dobrar uma série de movimentos, criando formatos bastante dinâmicos e dramáticos para a peça.

Para dobrar o cisne branco, usei papel manteiga. O modelo se inicia com uma base triangular e, como há alguns detalhes que requerem cuidado, é importante usar um papel de tamanho grande. A base do triângulo que usei tinha 42 cm e permitiu trabalhar melhor o bico e o pescoço.

Para o cisne negro, que foi o primeiro a ser dobrado e apresenta algumas dobras que não ficaram muito precisas, usei papel de origami da Jong Ie Nara, contudo, por ser um pouco mais delicado, o papel não permitiu muitos erros. Assim, seria melhor ter feito o caminho inverso, começar com o papel manteiga e, depois de dominar as dobras, partir para o papel mais delicado.



Considero este um modelo de nível intermediário, contudo não é de difícil execução. O diagrama pode ser encontrado na revista Origami Tanteidan 16. Mas é possível dobrar seguindo também as orientações do excelente vídeo feito pelo Tadashi Mori, disponível no youtube.



Fazia algum tempo que não me dedicava ao origami e comecei a matar as saudades com esses cisnes. Há um outro modelo de cisne, mais simples, também do Hoang Tien Quyet, que é muito bonito. Espero dobrá-lo em breve. Experimentem dobrar esse cisne seguindo o vídeo do Tadashi Mori - o resultado vale a pena!

Boas dobras!

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Aquarela (Estudos - 31) - Paisagens



aquarela sobre papel fabriano torchon, grana grossa


No estudo acima, baseado na obra "Berck, Low Tide" de Eugène Boudin, o objetivo era traduzir uma pintura à óleo para a aquarela. Usando o papel Fabriano torchon, o intuito era pensar em camadas que iriam se sobrepondo até chegar ao resultado final. Primeiro, aproveitando a textura granulada do papel, fazer a base com as cores claras e depois ir sobrepondo os tons mais escuros.


aquarela sobre papel fabriano torchon, grana grossa

Em seguida a proposta foi tentar trazer o conhecimento adquirido no estudo anterior para outra aquarela, agora usando uma referência fotográfica - pintura cima. Uma grande e prazerosa descoberta foi perceber os resultados gerados pela ação da água na granulação do papel - ora usando menos água, com o pincel quase seco, ora usando muita água.

O estudo abaixo, foi baseado em uma foto que fiz da Estação de Trem de Antonina - Paraná em 2008. Seguiu a mesma proposta, mas então decidi experimentar o papel Arches. Para todos esses estudos, os papéis usados foram os de 100% algodão, com 300 g/m2. São excelentes papéis que suportam bem boas quantidades de água.

Um outro detalhe: para todos, fiz primeiro o desenho a lápis, mergulhei o papel em uma bacia com água e deixei por algum tempo. Depois, o papel foi apoiado na prancheta, retirado o excesso de água com um pano macio (que não solte fiapos) e depois bem afixado. A partir daí a brincadeira com as cores e os pincéis pôde começar.

aquarela sobre papel arches grana grossa


segunda-feira, 30 de abril de 2012

Aquarela (Estudos - 30)



 Aquarela sobre papel fabriano grana fina


Mais alguns estudos em aquarela, agora tendo como base a obra "A Tramp" do John Singer Sargent.

A proposta era fazer um estudo de uma parte pequena do quadro e depois a imagem toda. O desafio agora é tentar trazer o conhecimento que adquirimos quando fazemos essas releituras para os nossos próprios trabalhos.

Aquarela sobre papel fabriano grana fina


Este outro abaixo é um estudo de detalhe da obra "The garden wall" também do mestre Sargent.


Aquarela sobre papel fabriano grana fina

terça-feira, 3 de abril de 2012

Diário da Guerra do Porco - Adolfo Bioy Casares



Incômodo foi o sentimento que surgiu nos primeiros capítulos do livro de Casares. E não foi uma sensação que passou depois. No desenrolar da trama, acabamos percebendo que o livro parece ter sido estruturado de maneira a criar esta sensação, entre tantas outras. Fazer pensar na passagem do tempo, no envelhecimento.

Acompanhamos a narrativa das vivências e pensamentos de Isidro Vidal, um senhor de quase 60 anos, que vive com o filho.  Os idosos do lugar estão passando por dificuldades devido a um movimento que acontece de forma estranha. É a Guerra do Porco. Os jovens estão se rebelando contra os velhos, por motivos difusos que, por vezes, acabam dividindo os próprios jovens.

As dúvidas e medos que rondam Dom Isidro e seus amigos, que têm de passar por situações tantas vezes vexatórias, também nos afligem. Há idosos desaparecidos, mortos, feridos... e muitos tentando viver em meio a um  medo generalizado...
"(...) Dessas lembranças Vidal passou a outras, dos últimos dias de seu pai. Lembrava-se dele, tão próximo e já tão fora do alcance, no medo e na dor da morte. Cada qual está em si mesmo e nada pode fazer pelo próximo. Vidal sentiu uma desolada certeza sobre a inutilidade de tudo. O que foi aquele afã de falar - pura vaidade - que lhes havia dado naquela noite? Entre eles, sabiam de antemão o que um e outro iam dizer. Pensou que falar assim no velório de um amigo era uma ofensa repugnante e que agora ele continuava falando. Parecia que tinha sido ontem que levavam uma existência despreocupada; de repente, a própria condição da vida tinha se tornado intolerável. Deu vontade de fugir. (...)" (p. 107)
Em formato de "diário", há algumas marcas temporais que indicam que a trama se passa em pouco mais de uma semana: de 23 de junho aos primeiros dias de julho. Contudo a sensação da leitura, tão intensa, é a de que o tempo é outro, mais longo, tempo trazido das lembranças, do passado e das vivências daquele momento.
Esse ponto me intrigou tanto que despertou o interesse de fazer uma segunda leitura (quem sabe uma terceira também?) somente para atentar para essa questão do tempo...

A narrativa é impecável. Casares, esse mestre argentino da escrita, nos atinge com aquela força típica das  grandes obras literárias. Suas palavras ficam ecoando na mente muito e muito tempo depois de fecharmos o livro.

Para saber um pouco mais sobre Bioy e sua obra, não deixe de assistir a entrevista de 1998 (em espanhol), disponível no youtube, clicando aqui.

Mais alguns dados da obra:

Autor: Adolfo Bioy Casares (1914-1999 - Buenos Aires, Argentina)
Título original: Diario de la guerra del cerdo
Tradução: José Geraldo Couto
Edição: São Paulo, Cosac Naify, 2010, 208 p., 4 ils.


domingo, 18 de março de 2012

19 de março - É Dia do Artesão



Aquarela sobre papel fabriano artístico grana fina


Recebi mais uma encomenda do Mania de Artesanato, blog cheio de objetos lindos que a Raquel Carvalho cria.

A ideia desta vez era homenagear todos aqueles que gostam de mexer com tintas, tecidos, linhas, agulhas, papel, tesoura, cola, pincéis, e muito mais, para deixar a criatividade fluir.
Saiu então mais uma aquarelinha... não ficou tão delicada quanto planejei. Descobri que preciso aprender a trabalhar melhor com prazos curtos!

Para este desenho, tive que estudar um pouco sobre panejamento. E foi pouco mesmo rs. Ainda estou com muitas, muitas dúvidas, ou seja, vamos incrementar os estudos.


E...
Para todos aqueles que, 
como nós, 
gostam dessa vida artística - 
parabéns pelo Dia do Artesão!


domingo, 11 de março de 2012

Águas (Estudos - 29)



Aquarela sobre papel fabriano artístico grana fina



Aquarela sobre papel fabriano uno grana fina


Mais alguns estudos em aquarela. E aqui percebi alguns detalhes sobre os papéis...
Enquanto o fabriano artístico (1a. imagem) responde bem às manchas e a algumas sobreposições e fusões, o papel fabriano uno (2a. imagem) "agarra" um pouco mais a tinta no papel quando vai secando, marcando mais as pinceladas, tornando as fusões mais difíceis.

Contudo, é uma questão de adaptação e aprender a explorar as qualidades de cada um. Por enquanto, o Fabriano ainda é o meu papel preferido para as aquarelas.



segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

sábado, 28 de janeiro de 2012

Um banner em aquarela


Aquarela sobre papel fabriano grana fina


Faz um tempinho que estou estudando uma ilustração para ser colocada como banner de um blog da internet.

Tinha que ser uma aquarelinha especial, porque é para uma pessoa muito, muito querida!

Ficou pronto hoje, depois de, pelo menos (rs), umas 8 tentativas. É muito interessante como, quando temos um objetivo, aprendemos muito mais. Tive que estudar vários temas, como luz e sombra, composição etc. etc. e... acabei descobrindo duas coisas - ainda preciso estudar muito mais e também comprar um scaner decente!

Depois da aquarela, mexi um pouco no brilho e nos níveis, inclui o título do blog e a nome dessa pessoa tão querida, usando photoshop.



Se quiserem ver como ficou, na prática, é só visitar o excelente Mania de Artesanato.