segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Raul da Ferrugem Azul - Ana Maria Machado (1)




Um fato interessante sobre manter um blog é que ele permite uma troca de informações muito rica com outras pessoas sobre assuntos que nos são queridos. A leitura de Raul da Ferrugem Azul surgiu da curiosidade despertada pelos valiosos comentários do McFly e da Júlia Bax no post A fada que tinha idéias. Foi uma dica muito bacana! Vejam só do que trata o livro:

Raul um dia descobre que está enferrujando, de uma ferrugem diferente - azul.

Mas como é Raul? Um garoto que percebe, que sente, que pensa bastante sobre tudo que está ocorrendo a sua volta e não consegue deixar de se indignar com alguns desses acontecimentos: é menino mais velho que persegue menino mais novo, indefeso, na escola; é falta de respeito dentro do ônibus; é falta de consideração com quem trabalha. Mas Raul é um menino quieto, tímido até, que não tem muita coragem de intervir - geralmente prefere uma saída mais tranquila ou prefere se calar.
"Mas essas eram coisas que Raul só pensava e não tinha coragem de falar. Vontade, bem que tinha. E raiva. Se tinha coisa que deixava ele furioso, essa era uma delas. Isso de achar que a cor das pessoas faz alguém ser melhor ou pior do que os outros. Isso de racismo, de qualquer tipo. Mas com toda raiva, não disse nada. Medo que rissem dele. Hábito de não falar das coisas que iam dentro da cabeça." (p.28)

Mas, de repente, essa quietude terá de mudar: uma ferrugem estranha, azul, está tomando conta dele (aparece nos braços, no rosto, na garganta), uma ferrugem que ninguém vê, só ele.

E o pior é não conseguir entender por que isso está acontecendo - passamos a buscar, então, junto com Raul, a solução para esse mistério.


É livro que se lê de uma vez, graças à leveza e à fluidez que Ana Maria Machado empresta ao texto. Aos poucos, Raul vai descobrindo (e nós também), que essa ferrugem não é visível por todos, mas que quase todos parecem tê-la em maior ou menor grau, em uma cor ou outra. Quantos de nós não estaremos assim, meio enferrujados, e pior de tudo - sem perceber? Então, o passo importante é perceber onde a ferrugem ataca e trilhar, como Raul, o próprio caminho da descoberta da cura, como diz o "velhinho da montanha":

"De repente, percebeu que o Velho falava com ele:
- Afinal, o que é que você quer, meu filho?
Raul hesitou, criou coragem, respirou fundo:
- Quero acabar com a ferrugem.
- Que ferrugem?
- A minha.
O Velho ficou muito sério e olhou firme para Raul. Depois, abanou a cabeça:
- É uma pena, meu filho, mas eu não posso fazer nada para acabar com a sua ferrugem. Só se fosse para acabar com a minha..." (p. 48)


No site da Ana Maria Machado, encontramos esse livro indicado no curioso link - "Para gente crescendo". E é isso mesmo - lendo quando crianças ou agora: continuamos crescendo sempre!


Outros dados da obra:

Primeira publicação: 1980
Ilustrações: Rosana Faría
52a. impressão. 2a. edição - São Paulo: Moderna / Salamandra, 2003. 64p.

Ao final dessa edição foi incluído o texto: Palavras da autora sobre a estória, no qual Ana Maria conta um pouco sobre a confecção dessa obra.

Ver também - Raul da Ferrugem Azul - Ana Maria Machado (2)
Da Ana Maria Machado, também falamos sobre o Bisa Bia, Bisa Bel

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