segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Os próprios deuses - Isaac Asimov



"À humanidade e à esperança de
que possamos, um dia, vencer a
guerra contra a insensatez."
Com essa dedicatória tomamos o primeiro contato com esta obra de Asimov.

É daqueles livros que prendem a atenção não só pela capacidade do autor em manter a narrativa interessante, mas também por sua capacidade criativa. O enredo inicia-se com a descoberta de uma nova fonte de energia e a forma como os cientistas ligados à descoberta lidam com isso. Daí em diante, discutem-se as aplicações dessa energia e as implicações e perigos que isso pode ocasionar para o universo e seus habitantes.

Não se trata apenas do planeta Terra. O autor dividiu a narrativa em 3 capítulos que se passam em mundos diferentes (a Terra, o Para-universo e a Lua), intitulados respectivamente: Parte I: Contra a estupidez..., Parte II: ...os próprios deuses..., Parte III: ...lutam em vão?, e manteve bem amarrado o fio condutor que une esses três mundos.

Asimov impressiona não só pelos mundos admiráveis que nos apresenta, mas também como cria os seres que habitam cada um deles e seus comportamentos.

Além disso, a dedicatória acima e os títulos dos capítulos dão o indício de que não se trata apenas de uma história bem contada. A todo momento o texto aponta situações que despertam nosso senso crítico. Até que ponto a nova energia é voltada para o "bem do universo"? Como isso o afeta? E se for realmente boa, como usá-la para não destruir o que existe?

Orgulhos pessoais, interesses econômicos e políticos permeiam a história: as vaidades e mazelas do meio científico e acadêmico, a acidez do meio político, e as complicações das relações interpessoais. Do macro ao microuniverso imaginado e vice-versa, o autor nos faz questionar o que seria sensato ou não.

Para citar um exemplo de como a realidade é cruamente exposta, cito o trecho abaixo - fala de um político da Terra:

"- É um erro supor que as pessoas querem o meio ambiente protegido ou suas vidas salvas, e que se sentirão gratas com qualquer idealista que se disponha a lutar por essas causas - disse o senador. - O que o povo deseja é seu próprio conforto. Sabemos disso muito bem, desde a crise ambiental do século 20. Assim que ficou estabelecido que o tabagismo aumentava a incidência de câncer de pulmão, a solução óbvia era parar de fumar, mas o remédio desejado era um cigarro que não estimulasse o câncer. Quando ficou claro que o motor de combustão interna estava poluindo perigosamente a atmosfera, a solução óbvia era abandonar esses motores, e o remédio foi desenvolver motores não poluentes. Por isso, meu jovem, não me peça para parar o bombeamento. A economia e o conforto do planeta inteiro dependem disso. Em vez dessa solução, diga-me como manter o bombeamento em ação, sem explodir o Sol." (p. 72)
Este livro foi escrito em 1972, mas, como toda boa ficção científica, tem elementos visionários, mantendo-se bastante atual. Gostei bastante e recomendo a leitura!

Para saber um pouco mais sobre o autor:

Mais alguns dados da obra:
Autor: Isaac Asimov (1920-1992)
Título original: The Gods Themselves
Publicação original: 1972
Tradução: Sílvia Mourão
Editora: Aleph. São Paulo, 2010, 367 p.
Obs.: em edições anteriores o título do livro foi traduzido como O Despertar dos Deuses


2 comentários:

A Besta dos 1000 Anos disse...

Gostei muito do seu blog.
Está muito bem montado e muito bonito, gostoso de se ver e de se ler com belas fotografias e imagens
Não deixe de atualizá-lo... vale a pena continuar pelo seu excelente conteúdo visual.
Foi um prazer percorrer os caminhos coloridos e os escaninhos estrelados da sua escrita.
Parabéns!
Quando tiver um tempinho, gostaria de recebê-lo no meu blog: http://www.abestados1000anos.com.br/
Assim, aproveito o embalo para lhe DESEJAR um FELIZ NATAL, junto aos seus familiares, e um ANO NOVO, com muita paz, muita saúde e muitas vitórias.
Um abraço
Ilmar

Patrícia C. disse...

Olá, Ilmar!

Muito obrigada pela visita - e fico muito contente que você tenha gostado do blog. Foi um presente de Natal especial neste dia!
Aproveito para te desejar também muitas felicidades, muita alegria e muito sucesso no próximo ano.
Fiquei também bastante curiosa com o seu livro - pretendo lê-lo em breve!
Um forte abraço!