
Gostei muito de achar os vidros para encher com estrelinhas ou tsurus. Em breve, novos trabalhos aparecerão por aqui com esse material!
Gostei muito de achar os vidros para encher com estrelinhas ou tsurus. Em breve, novos trabalhos aparecerão por aqui com esse material!
E. - “Li recentemente que Sholem Ash criticou a sua obra dizendo que não era humanista, que não era moral e não contribuía para melhorar a humanidade. Como o senhor reagiu? Qual o seu papel como escritor?”E sobre o livro No tribunal de meu pai? Escolhi começar por este (ainda estou ali nas primeiras páginas) pois trata-se de um livro de memórias e, como gostei do escritor, quis saber um pouquinho mais sobre ele por ele mesmo, antes de adentrar nos seus romances como Satã em Gorai e Breve Sexta-feira que também já estão na fila de leituras.
Isaac B. Singer: - “Talvez ele tenha razão, quem sabe?”
Estocolmo 1978
“Vossa Majestade, Senhoras e Senhores, as pessoas me perguntam com freqüência por que escrevo em uma língua que está morrendo. Eu gostaria de explicar em poucas palavras.
Primeiro, gosto de escrever histórias de fantasmas, e nada cai melhor para um fantasma do que uma língua que está morrendo.
Segundo, eu acredito na Ressurreição, estou certo de que o Messias vai chegar em breve... Milhões de cadáveres que falavam iídiche sairão então de suas tumbas e a primeira pergunta deles será: “Há algum livro novo para ler em iídiche?”
Eu não esperava receber o Prêmio Nobel, e quando cheguei em minha casa para o café da manhã, vi muita gente esperando com suas câmeras por ali, repórteres...
Todos eles me fizeram a mesma pergunta:
“O senhor está surpreso? Está feliz?”
Como eu não queria discutir sobre o que é a felicidade...
respondi que sim, que estava surpreso, que estava feliz... e isso durou dez ou quinze minutos, depois acalmou.
Alguns minutos mais tarde, outro repórter veio me dizer:
“O senhor está surpreso? Está feliz?”
E respondi:
“Quanto tempo um homem pode ficar surpreso? Quanto tempo um homem pode ficar feliz? Eu fiquei surpreso, fiquei feliz...
E sou o mesmo tipo pobre* que sempre fui.”
(* no áudio em inglês, o escritor usou uma palavra que não me pareceu nem inglês nem francês – nesse caso, a legenda em francês serviu de guia para a tradução, mas não fiquei muito contente com essa solução.)
Além de Almon, o pescador, a quem ninguém dava ouvidos porque todos debochavam dele, não havia ali em toda a aldeia alguém que ensinasse as crianças que a realidade não é apenas o que o olho vê e não somente o que o ouvido escuta e o que a mão pode tocar, mas também o que se esconde do olho e do toque dos dedos e se revela às vezes, só por um momento, para quem procura com os olhos do espírito e para quem sabe ficar atento e ouvir com os ouvidos da alma e tocar com os dedos do pensamento. Mas quem aqui afinal queria dar atenção a Almon? Ele era um homem velho, falador e quase cego, que sempre ficava discutindo com seu medonho espantalho. (p. 52).
Outros dados da obra:
Escritor: Amós Oz (nascido em Jerusalém, 1939. Esteve na Festa Literária Internacional de Paraty - FLIP em 2007. Um trechinho do que foi discutido na mesa da qual fez parte pode ser visto no site da FLIP, clicando aqui)
Título original: Pit'om Beomek Haiaar
Publicado originalmente em 2005
Tradutor do hebraico: Tova Sender
Editora: Companhia das Letras, 2007, 141 p.