O que Alice vai fazer em um dia chuvoso sem poder sair para brincar?
Resolve então pegar um livro naquela estante enorme... Uhn... será uma boa idéia? Que sono... Mas isso dura muito pouco... foi só ler duas páginas e pimba! Alice cai literalmente dentro do livro e começa a viajar pelos contos de fadas, numa brincadeira bem ao estilo desse instigante autor italiano.
É um livro encantador – as belíssimas e divertidas ilustrações da Anna-Laura Cantone conversam muito bem com o texto de Rodari. Atentar para uns passarinhos vermelhos que aparecem em todas as páginas – têm uma vida própria dentro da história.
É um livro encantador – as belíssimas e divertidas ilustrações da Anna-Laura Cantone conversam muito bem com o texto de Rodari. Atentar para uns passarinhos vermelhos que aparecem em todas as páginas – têm uma vida própria dentro da história.
Fiz a experiência de apresentar este livro para a minha sobrinha de 7 anos, que aprendeu a ler não faz muito tempo, e foi uma diversão! Gostamos bastante da salada de histórias e como Alice vai se virando em meio a tudo aquilo que se passa no livro em que caiu. Rimos bastante (muito divertido também perceber a indignação e o riso da criança ao se dar conta, lendo, que os contos de fadas, conhecidos de cor, estavam todos misturados nesse livrinho - o que vai acontecer com a pobre Alice?).
Uma pequena dificuldade aqui e outra ali, todas com relação à mecânica da leitura - no reconhecimento de algumas letras, devido às fontes utilizadas no livro, que são muito bonitas e imitam as letras cursivas, mas, como são um pouco estilizadas, geraram uma pequenina dificuldade para perceber os "f" e os "ve". Para as crianças que já têm mais fluência na leitura, isso não deve apresentar dificuldades. Entretanto, esse fato não tirou em nada o prazer que o livro nos proporcionou.
O nome Alice, uma moça dormindo na floresta, um certo gato que aparece quase no final do livro e outros personagens de contos de fadas não estão ali apenas por estar. A estrutura lembra as lições que Rodari nos oferece no excelente Gramática da Fantasia, uma obra voltada para despertar a imaginação e a criatividade das crianças (ver, nessa obra, os capítulos "Chapeuzinho Vermelho no helicóptero", "As fábulas ao contrário", "Salada de fábulas", por exemplo). Rodari, como professor que foi e viveu várias situações em sala de aula com as crianças, estimula, nos leitores de Alice viaja nas histórias, o que teorizou:
"Criatividade" é sinônimo de "pensamento divergente", isto é, de capacidade de romper continuamente os esquemas da experiência. É "criativa" uma mente que
trabalha, que sempre faz perguntas, que descobre problemas onde os outros encontram respostas satisfatórias (na comodidade das situações onde se deve farejar o perigo), que é capaz de juízos autônomos e independentes (do pai, do professor e da sociedade), que recusa o codificado, que remanuseia objetos e conceitos sem se deixar inibir pelo conformismo. Todas essas qualidades manifestam-se no processo criativo. [...] (Gianni Rodari, Gramática da Fantasia, Summus Editorial, p. 140)
Mais alguns dados de Alice viaja nas histórias:
Autor: Gianni Rodari (1920-1980). Vale uma visita ao site oficial do autor (em italiano), clicando aqui - há mais informações biográficas e algumas fotos disponíveis.
Ilustradora: Anna-Laura Cantone
Algumas ilustrações para degustar a arte de Anna-Laura podem ser vistas no The Art File, clicando aqui.
Título original: Alice nelle figure
Tradução: Silvana Cobucci Leite e Denise Mattos Marino
São Paulo, Editora Biruta, 2007
Nenhum comentário:
Postar um comentário