A leitura tem um ritmo próprio, não avassalador como alguns livrões que pegamos nas mãos e não paramos de ler (ou de querer ler) até a última página. Mas o suspense consegue manter nossa atenção presa – há algum morto-vivo, vampiro, rondando para impedir as pesquisas de Rossi, Paul, Helen, Turgut? Em alguns momentos, rende boas surpresas. Como neste aqui:
“Virei-me depressa, fechei e passei o trinco na janela e pensei freneticamente em qual seria meu próximo passo. Como me proteger? As janelas estavam todas fechadas e a porta trancada com duplo ferrolho. Mas o que eu sabia dos horrores do passado? Penetravam nos lugares como névoa, por baixo das portas? Ou espatifavam as vidraças e irrompiam subitamente diante de nós? Olhei em torno procurando uma arma. Não possuía um revólver – que de nada serviam contra Bela Lugosi ou Christopher Lee nos filmes de vampiros, a menos que o herói estivesse equipado com uma bala de prata especial. O que Rossi recomendara? ‘Eu não sairia por aí com alho no bolso, ah, não.’ E uma outra coisa. ‘Estou certo de que carrega sua própria bondade, suas noções de moral, ou como quiser chamar, com você. Aliás, penso que a maioria de nós é capaz disso.’ [...] Botei o relógio ao meu lado e verifiquei, com um arrepio supersticioso, que faltavam 15 minutos para a meia-noite. Amanhã, disse a mim mesmo, iria à biblioteca e leria rapidamente tudo o que encontrasse lá para me equipar para os próximos dias. Não faria mal algum aprender mais sobre estacas de prata, guirlandas de alho e crucifixos, se eram estes os recursos prescritos pelos camponeses para combater os mortos-vivos durante tantos séculos. No mínimo, mostraria minha fé nas tradições. [...]” p. 103
Há muitas descrições de lugares e alguns de seus costumes. Acho até que esse tem sido o fator que mais tem me agradado neste volume.
Muitas informações sobre a história do leste europeu, sobre o Vlad Tepes histórico e suas lutas com Mehmed, e também sobre superstições e costumes de várias regiões. Mais do que tudo, essa leitura despertou-me uma curiosidade que poucas vezes tive em outras leituras – a de pesquisar os lugares e fatos ali apontados, principalmente porque, dos lugares descritos, há vários deles cheios de livros!
Querer saber mais (e pesquisar) sobre Oxford e a Câmara Radcliffe, sobre Istambul e a sua magnífica Hagia Sofia e sobre Budapeste foi bastante enriquecedor. Além disso, para os que gostam de livros - pequenos, grandes, de bolso, raros ou não – a aventura também é boa – quase o tempo todo se está às voltas com grandes bibliotecas, com livreiros, colecionadores que geralmente têm uma informação ou outra para acrescentar ao quebra-cabeças que poderá levar ao paradeiro de um professor desaparecido e a possível ligação desse desaparecimento com a pesquisa que ele realizava sobre Drácula. Para dar uma idéia disto vai abaixo mais um trechinho (aqui, na narrativa, Paul e Helen estão em Budapeste):
“Era bom entrar em uma biblioteca novamente; o cheiro era familiar. Aquela era um tesouro neoclássico, toda de madeira escura entalhada, com balcões, galerias, afrescos. Mas o que chamou minha atenção foram as fileiras de livros, centenas de milhares deles forrando as salas, do teto ao chão, suas encadernações vemelhas e marrons e douradas em filas arumadas, suas capas marmorizadas e suas guardas macias ao toque das mãos, as vértebras salientes das lombadas acastanhadas como velhos ossos. Perguntei-me onde teriam sido escondidos duranteNo próximo post desta seção de Leituras, as impressões finais sobre esse livro.
a guerra, e quanto tempo tinha sido necessário para organizar todos eles de novo em todas aquelas prateleiras reconstruídas. [...]” p. 280
6 comentários:
Muito legal! Adorei os links!! Aguardemos o próximo comentário!
Olá, Raquel
Estou quase terminando o livro - aguarde as impressões finais!
Um abração
Quando comecei a ler seu post imediatamente me remeti à Transilvânia, na Romenia e à antiga Londres, do Drácula de Bram Stocker...livro também muito intrigante. Ah, esses sugadores de almas...
Olá, Let´s!
E o mais interessante desse livro da Kostova é que lembra bem a estrutura do livro do Stoker - há muitos capítulos em forma de cartas. Estou quase terminando a leitura - devo postar amanhã ou depois as últimas impressões. Posso te adiantar que o final está bem eletrizante!
Um abração
Bem, se vc quiser me visitar, agora atualizei meu perfil. pesodaleveza.blogspot.com
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