Os Irmãos Coração-de-Leão conta as aventuras do valente Jonas e do frágil Carlinhos. Tudo começa com o pequenino Carlos, adoentado, em sua casinha modesta, onde vive com a mãe, falando com muita admiração do seu irmão mais velho Jonas. Mas esse é um livro cheio de surpresas...
"Vou falar agora sobre o meu irmão. É sobre Jonas Coração-de-Leão, o meu irmão, que quero falar. Acho que o que tenho a contar se parece muito com uma saga e um pouquinho com uma história de almas do outro mundo. No entanto, é a pura verdade, embora Jonas e eu sejamos provavelmente as únicas pessoas do mundo a saber disso." (p. 7)
A delícia do livro está em acompanhar o nosso frágil Carlinhos, em suas duras experiências, que servirão para mostrar-lhe as armadilhas escondidas na falsidade das aparências e dos preconceitos e, ao mesmo tempo, que o farão descobrir o caminho da coragem, da amizade e da ternura. É um caminho árduo, duro, em uma terra que está sendo tiranizada pelo vilão Tengil e pela sombra de Katla. Mais um trechinho instigador:
"- Adeus, meu pequeno - disse Matias. - Não se esqueça do seu avô.
- Eu nunca o esquecerei! - retruquei.
Escorreguei então, sozinho, até a passagem subterrânea, e arrastei-me pelo longo túnel escuro, falando comigo mesmo todo o tempo para não ficar muito assustado.
- Não faz mal que esteja escuro como breu. Não, você não vai ficar sufocado, de modo algum. É verdade que um pouquinho de terra está caindo no seu pescoço, mas isso não significa que o túnel vai desabar, seu bobo! Não, Dodô, o gordo, não vai ver quando você sair do outro lado. Ele não pode ver no escuro, não é? De certo que Jonas está esperando por você. Ele está lá, ouviu? Ele está lá!" (p. 117)
Astrid Lindgren consegue criar uma estória repleta de personagens fascinantes que lutam contra a opressão sem perder a suavidade - é Sofia, frágil e forte, com suas pombas brancas; é Matias, o vovô-amigo que luta e protege os meninos; é Hugo, o arqueiro... Consegue nos encantar com Carlos, um personagem com quem nos identificamos, mesmo que não queiramos (mesmo que desejemos ser sempre Jonas, o bravo). Todos os personagens mudam, mas é Carlos o que passa pelas maiores transformações, evoluindo com suas experiências, conforme as aventuras se sucedem.
Esta é a terceira vez que leio Os irmãos coração-de-leão, e sei que o lerei muitas mais... Assim é a boa literatura para todas as idades, aquela que encanta, que dura no tempo... que nos leva a Nangaiala e ao Vale das Roseiras Silvestres, que por um instante nos faz acreditar em mundos melhores, que nos faz sentir o verdadeiro prazer da leitura.
Nessa edição, que foi garimpada pra trazer lembranças antigas, temos também as graciosas ilustrações de Ilon Wikland, que tanto enriquecem o texto.
Ilustração de Ilon Wikland (p. 36-37)
Mais alguns dados da obra:
Autora: Astrid Lindgren
Tradução do sueco por: Maria Aparecida Moraes Rego (esta foi considerada uma das 10 melhores traduções de textos infanto-juvenis feitas no Brasil no ano de 1984)
Ilustrações: Ilon Wikland
Título original: Bröderna Lejonhjarta
Editora: Nórdica
Rio de Janeiro, 2a. edição, 1986
5 comentários:
Fico uns dias fora e encontro duas entradas novinhas? Hmm.
Boa, parece interessante, pena que não tenho tido tempo pra nada...
Eu vi uma resenha fantástica sobre História sem fim, no blog do Alessandro Martins; vocês deixam um certo gosto na boca alheia...
Ah, e escrevi isso aqui, http://cacarecos.tumblr.com/post/89543882/livro-seriado-online-e-gratuito, num blog que criei pra entradas rápidas e, preferencialmente, diárias. Dica do Neil Gaiman, em inglês.
Olá, McFly
Bons ventos o trazem! A ideia é essa mesma - botar água na boca, digo, nos olhos, dos leitores. Quer coisa melhor do que poder bater papo sobre livros comuns? ;)
Vou ler a resenha do Alessandro. Quando comecei meu blog, fiz um texto sobre História sem Fim, mas ainda estava tateando no mundo blogueiro e o danado ficou um pouco travado - rs.
Gostei do A vida aos pedaços, hein! Muito bom, já está nos Favoritos. Sobre Gaiman, li recentemente o The Graveyard Book - uma delícia de livro, tomara que o traduzam em breve para o português. E Pinkwater? com esse comecinho, já conseguiu fisgar, né?
"When I got home from school, my room was full of ghosts..._again!_ They were being invisible, but I could feel the cold spots in the air."
Um abração
Um dos livros k mais gostei e nao me arrependi d ter lido, as aventuras em nangaiala, vale das cerejeiras, yah! Uma estoria hiperfascinante e agora posso assumir k xtou em altura d contar toda estoria sem sequer abrir uma pagina pra copiar algo!
Que legal, Dr_driizzy! Sou muito fã deste livro - e da sua autora, a Astrid Lindgren também.
Abraços e obrigada pela visita!
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